Depois dos incêndios e das plantações de óleo de palma, a Amazónia brasileira enfrenta agora uma nova ameaça, com um número crescente de explorações de ouro ilegais. Com o aumento do preço do ouro durante a pandemia de Covid-19, o pulmão do mundo volta a enfrentar uma nova corrida a um dos metais mais preciosos do planeta, tal como tinha acontecido nos anos 80 do século passado.
Segundo dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), citados pelo Financial Times, desde o ano passado, as minas ilegais destruíram uma área equivalente a mais de 10 mil campos de futebol, o que corresponde a um aumento de 23 por cento face a 2018.
Além dos danos ambientais, a intensificação da exploração de ouro levanta outros perigos para a saúde e para a sustentabilidade das comunidades, já que é usado mercúrio, que fica no ar e vai parar aos rios, contaminando as culturas e potenciando o aparecimento de doenças.
Acresce ainda o aumento da violência em resultado da exploração mineira, com várias tribos indígenas a serem ameaçadas e os homicídios de nativos e ativistas a tornarem-se mais frequentes. E o problema da violência não se fica pelo Brasil, estendendo-se também à Venezuela devido às ligações de grupos de crime organizado por detrás destas minas, denuncia o periódico inglês.
“O risco do ouro ilegal é que os lucros possam ser usados para promover mais ilegalidades, incluindo tráfico de droga e armas ou mesmo terrorismo. Se não lidarmos com este problema, iremos perder esta guerra”, alerta Eduardo Leão, diretor da Agência Nacional de Mineração do Brasil.