Um inquérito realizado pela Associação Nacional de Cuidadores Informais (ANCI) concluiu que o número de cuidadores informais em Portugal deverá rondar neste momento 1,4 milhões de pessoas, uma quantidade superior à estimada anteriormente e que estará relacionada com o encerramento de respostas sociais durante a pandemia.
“Neste momento, e segundo os resultados do inquérito, este número duplicou e eu julgo que isto tem a ver realmente com o fecho das respostas sociais. Havendo este fecho e esta falta de respostas, o número de cuidadores realmente exacerbou”, explicou Nélida Aguiar, dirigente da ANCI.
O inquérito contou com a participação de 1.800 pessoas, cerca de metade das quais (52 por cento) afirmaram conhecer algum cuidador informal. Do total de inquiridos, 14 por cento identificaram-se como cuidadores, enquanto 44,5 por cento disseram ser familiares e outros 26,5 por cento amigos ou conhecidos de cuidadores.
“Parece que muitos dos cuidadores informais não têm qualquer tipo de laço familiar com a pessoa de quem cuidam e isso mostra uma realidade que não foi vista, por exemplo, no Estatuto do Cuidador Informal, que apenas reconhece cuidador alguém com laços familiares”, sublinhou Nélida Aguiar.
Neste contexto, a responsável adverte que a pandemia não pode ser usada para continuar a atrasar todos os processos burocráticos e defende a rápida revisão do atual Estatuto, bem como a identificação de todas as dificuldades, desde o acesso à saúde, o acompanhamento de doentes que dependem de terceiros, a falta de resposta por parte da Rede Nacional de Cuidados Continuados ou a falta de cuidados ao domicílio.
“Com a pandemia, com a ausência das medidas de apoio, com a falta de acesso aos recursos existentes, com o encerramento das respostas sociais, isso vem demonstrar a imperativa necessidade de implementação de medidas de apoio reais e proteção dos cuidadores”, adiantou a dirigente da ANCI.