A Igreja Católica no Quénia está preocupada com o aumento dos casos de violência doméstica registados durante a crise pandémica e preparou um plano de formação dirigido às famílias, com o intuito de as sensibilizar para a necessidade do diálogo, compaixão e compreensão entre os casais.
“A família é um dos valores mais preciosos que a Igreja possui e promove. Se as coisas vão bem em família, a sociedade prospera. Se as coisas começam a ir mal a nível familiar, a sociedade será afetada. Deus quis que como primeira unidade da sociedade, a família seja um lugar de santidade, comunhão e amor”, afirmou o bispo de Ngong, a diocese onde se realizou o primeiro curso.
Segundo John Oballa Owaa, a palavra de Deus pode ajudar a curar “a ira, intolerância e tendência para a violência”, pelo que é fundamental, sobretudo no período difícil que o mundo atravessa, que os casais possam “abraçar a compaixão e o amor recíproco”, evitando “cálculos egoístas” que levem “à discórdia e à amargura”.
“Se todas as famílias entendessem o ministério da Igreja, a violência de género não teria cabimento na sociedade. E se todos vissem em cada ser humano um filho de Deus, a violência de género não existiria”, sublinhou o bispo, dirigindo-se aos coordenadores de vida familiar da sua diocese.
De acordo com dados do Departamento Nacional de Estatísticas do Quénia, 23,6 por cento dos quenianos presenciaram ou tiveram conhecimento de casos de violência doméstica nas suas comunidades desde a introdução de medidas de restrição por causa da Covid-19. Ao mesmo tempo, um estudo do Ministério da Saúde concluiu que 39 por cento das mulheres e 32 por cento dos homens estavam a viver momentos de tensão nos seus lares.