“A situação é desesperante, tanto para quem está encurralado em áreas afetadas pelo conflito, sem meios de sobrevivência, quanto para os deslocados. Os que ficaram correm o risco de serem mortos, sequestrados, sofrer abusos sexuais ou serem recrutados à força por grupos armados”, enquanto “os que fogem, podem morrer a tentar”, afirmou esta sexta-feira, 13 de novembro, a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, em reação aos relatos cada vez mais alarmantes da violência na província moçambicana de Cabo Delgado.
Segundo Michelle Bachelet, é “fundamental” que “as autoridades do Estado garantam a proteção de civis dentro e fora das áreas afetadas pelo conflito e que as agências humanitárias tenham acesso seguro e desimpedido para prestar assistência e proteção”, sobretudo neste período de grande risco de propagação da cólera e da pandemia de Covid-19.
A dificuldade de acesso às áreas afetadas torna extremamente difícil a verificação dos “relatos de decapitações de mulheres, crianças e homens, bem como sequestros” difundidos nos últimos dias, mas ainda assim, Bachelet reitera um pedido às várias organizações nacionais e internacionais: “todas as alegadas violações e abusos do direito internacional dos direitos humanos e do direito internacional humanitário cometidos por grupos armados e forças de segurança devem ser investigados de forma completa, independente e transparente pelas autoridades competentes. Os responsáveis devem ser responsabilizados”.
A violência armada está a provocar uma crise humanitária com cerca de 2.000 mortes e 435.000 pessoas deslocadas para províncias vizinhas, sem habitação, nem alimentos suficientes – concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.