O responsável da secção de Segurança da Comissão Vaticana Covid-19, Alessio Pecorario, um organismo criado pelo Papa Francisco para enfrentar as consequência sociais e económicas da pandemia, assegurou esta quarta-feira, 18 de novembro, que estão a ser dados “passos concretos” para a criação de um “Fundo Mundial” que acabe de vez com a fome e a pobreza, a partir do dinheiro que os governos destinam aos gastos militares.
“Não é uma ideia abstrata”, afirmou o especialista em declarações à Europa Press, destacando que os interlocutores internacionais com que está a trabalhar o seu departamento no Vaticano “encaram como algo lógico o cessar-fogo global pedido pelo secretário-geral da ONU e pelo Santo Padre”.
O Papa tem manifestado em várias ocasiões o seu apoio à criação desta reserva económica com o dinheiro dos orçamentos militares. Numa mensagem que enviou em meados de outubro, por ocasião do 75º aniversário da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), afirmou: “Uma decisão corajosa seria constituir com o dinheiro que se usa em armas e outros gastos militares um ‘Fundo Mundial’ para poder derrotar definitivamente a fome e ajudar ao desenvolvimento dos países mais pobres”. Uma ideia que voltou a propor na sua última encíclica “Fratelli Tutti”.
Em 2019, o investimento mundial em armamento atingiu o seu máximo histórico, ao chegar a 1.917 biliões de dólares, segundo dados do Instituto Internacional de Estocolmo para a Investigação da Paz. Isto quando, de acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM), bastariam 260.000 milhões de dólares num ano para erradicar a insegurança alimentar.