O mais recente relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) conclui que o comércio internacional continua a exercer um efeito prejudicial em todo o planeta e exemplifica com os dados de 2017, em que a extração de recursos foi responsável por 90 por cento da perda de espécies, 90 por cento do stress hídrico e 50 por cento das emissões de gases de efeito estufa.
A agência especifica que a extração de recursos naturais pode provocar a escassez de água, levar os animais à extinção e acelerar as mudanças climáticas e cita o caso de centenas de incêndios florestais, capturados por satélite, provocados por agricultores que tentam responder à procura global por carne de vaca e soja.
“A comunidade internacional precisa ter a certeza de que as políticas comerciais globais protegem o meio ambiente, não apenas para o bem do planeta, mas também para a saúde a longo prazo das economias. As consequências económicas da Covid-19 são apenas uma amostra do que aconteceria se os sistemas naturais da terra quebrassem”, alerta a diretora executiva do PNUMA, Inger Andersen, em comunicado.
Segundo o relatório “Comércio Sustentável de Recursos”, em 2017, foram extraídas da terra cerca de 35 biliões de toneladas de recursos materiais, como petróleo e ferro, para fins comerciais. Embora isso tenha ajudado a criar milhões de empregos, especialmente em comunidades pobres, também teve um efeito profundo no planeta. Como a procura por recursos naturais deve duplicar até 2060, o PNUMA pede a adoção de um modelo económico “circular” baseado na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia.
A agência apela ainda à Organização Mundial do Comércio (OMC), que reúne 164 países, que pense no meio ambiente quando define seus regulamentos. E recomenda que os pactos comerciais regionais promovam investimentos em indústrias pouco poluentes, eliminem subsídios aos combustíveis fósseis e não prejudiquem os acordos ambientais globais.