“A pandemia veio dar uma maior intensidade sobre algumas certezas que há que mudar em relação ao modelo de desenvolvimento. É um momento relevante para introduzir mudanças, que corrijam desequilíbrios relacionados com a partilha da riqueza ou a sobre-exploração dos recursos naturais de forma muito pouco sustentável”, afirma o presidente da Fairtrade Ibérica, a maior certificadora de produtos de comércio justo que opera em Portugal e Espanha.
Desde que começou a crise do coronavírus, a comercialização de produtos certificados registou um pico de vendas, mas o índice de procura acabou por normalizar. O café e o açúcar são os produtos mais vendidos com o selo de comércio justo, embora nestes meses se tenha notado um maior impulso na venda de chocolates e doces. Segundo Robert Ballester, a decisão de compra aponta para uma tendência cada vez maior do consumidor de considerar a sustentabilidade como um dos valores a ter em conta.
O diretor-geral da empresa certificadora, por sua vez, recorda que o comércio justo chegou a Espanha na década de 1980 e agora são mais de 1,7 milhões os produtores, de 73 países, que integram este modelo. Em 2019, gerou vendas no valor de 170 milhões de euros, só no mercado espanhol, e segundo Álvaro Goicoechea, a certificação garante que os produtores recebem salários dignos na origem, promove a empoderamento da mulher, combate a exploração infantil e minimiza o impacto da pegada ecológica.