É o maior apelo de emergência da história da agência. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) pediu esta semana 6,4 biliões de dólares para garantir apoio e serviços vitais em 2021 a cerca de 300 milhões de pessoas, entre elas 190 milhões de crianças. O pedido significa um aumento de 35 por cento em relação ao que havia sido pedido para este ano e reflete o agravamento das necessidades humanitárias em todo o mundo, provocado pela pandemia de Covid-19.
Muitos serviços de vacinação foram interrompidos em mais de 60 países e quase 250 milhões de alunos ainda estão fora da escola por causa da crise pandémica, que fez aumentar também os casos de violência de género e doméstica e gerou desemprego em massa. Por outro lado, este ano ficou marcado ainda pelo surgimento de novas crises humanitárias.
Em Moçambique, por exemplo, perto de meio milhão de pessoas, incluindo quase 200 mil crianças, foram forçadas a fugir das suas casas, na província de Cabo Delgado, devido à violência de terroristas islâmicos. Foram reportados casos de assassinato, sequestro e recrutamento de crianças como soldados. E o mês passado uma nova crise levou 2,8 milhões de pessoas a precisar de ajuda urgente na Etiópia com o conflito entre tropas federais e forças regionais em Tigré.
O UNICEF lembra ainda a temporada recorde de furacões e tempestades tropicais que arrasou vários países da América Central, onde 2,6 milhões de crianças foram atingidas assim como no Leste Asiático, que prejudicou 13,4 milhões de meninos e meninas. Aos mesmo tempo, a Covid-19 agravou outras emergências humanitárias como no Afeganistão e na Venezuela assim como Bangladesh, Burkina Fasso, República Democrática do Congo, Líbia, Sudão do Sul, Iémen e Síria.
“Quando uma pandemia arrasadora coincide com conflitos, alterações climáticas, desastres e deslocações, as consequências para as crianças podem ser catastróficas. Esta situação sem precedentes exige uma resposta igualmente sem precedentes”, salientou a diretora executiva da agência, Henrietta Fore, apelando aos doadores que ajudem a evitar o surgimento de uma geração perdida.