O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) revelou que em 2020 o número de pessoas deslocadas à força ultrapassou os 80 milhões, devido a perseguições, conflitos armados e violações dos direitos humanos. Em contrapartida, os pedidos de asilo reduziram em um terço e a recolocação de refugiados caiu para metade.
“Com o deslocamento forçado a duplicar na última década, a comunidade internacional está a falhar na salvaguarda da paz. O mundo está a ultrapassar outro marco sombrio que continuará a crescer, a menos que os líderes mundiais parem com as guerras”, lamentou, em comunicado, o alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi.
Em 2020, o novo coronavírus interrompeu todos os aspetos da vida humana e piorou de forma grave os desafios para os deslocados à força e apátridas. No pico da primeira onda da pandemia, em abril, 168 países fecharam total ou parcialmente suas fronteiras e apenas 90 países determinaram exceções para os que procuravam asilo. Apesar dessas medidas, os novos pedidos de asilo diminuíram em um terço em comparação com o mesmo período em 2019.
Para a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, “a Covid-19 demonstrou muito claramente que as desigualdades e a discriminação não prejudicam apenas os indivíduos diretamente afetados, mas criam ondas de choque que se propagam por toda a sociedade.” E isso ficou claro “quando o coronavírus atingiu instituições mal preparadas e mal equipadas, como lares para idosos e pessoas com deficiência, orfanatos, dormitórios de migrantes e prisões.”