Os crimes de faturação comercial indevida, fraude fiscal, atividades ilegais e lavagem de dinheiro “continuam em alta” em África e desviam do continente o equivalente a mais de 76 mil milhões de euros por ano, recordou esta semana a vice-secretária-geral da ONU, Amina Mohammed, durante uma reunião virtual para debater o papel dos fluxos financeiros ilícitos no aumento da instabilidade na região.
Na sessão, a conselheira do secretário-geral da ONU para África, Cristina Duarte, realçou ainda que em relação à “drenagem de uma porção significativa dos escassos recursos e ativos africanos em fluxos financeiros ilícitos” a grande lacuna será ainda mais exacerbada em momentos da Covid-19 e no pós-pandemia.
Para a nova conselheira de António Guterres, estes crimes devem ser vistos na perspetiva da perda de oportunidades de desenvolvimento, meios de subsistência ou aumento da pobreza, pois as verbas desviadas teriam permitido já que milhões de pessoas tivessem saída da situação de miséria.
“É injusto permitir que o continente enfrente esses enormes desafios, privado de um volume significativo de seus recursos que são quase a combinação das entradas da ajuda financeira ao desenvolvimento e do investimento direto estrangeiro”, afirmou Cristina Duarte.