A edição de 2020 da iniciativa ‘Natal dos sós’ vai realizar-se de uma maneira diferente da habitual. Em ano de pandemia, a Consoada será levada à casa dos tradicionais participantes, no dia 24 de dezembro. Esta ação acontece desde 1987 na paróquia da Campanhã, no concelho do Porto, e consiste na realização de uma ceia na noite da consoada, que junta, habitualmente, 50 pessoas, de variadas proveniências e estatutos sociais, que pretendam passar esta noite com alguma companhia, quebrando a solidão em que habitualmente vivem.
“A comunidade cristã deve aproximar-se dos mais sós, são os mais pobres…falta-lhes carinho familiar”, disse Fernando Milheiro, pároco de Campanhã, em declarações à agência Ecclesia. A pandemia irá mudar a forma como esta iniciativa decorre habitualmente, mas não travará o afeto junto dos habituais participantes. “Neste tempo da Covid-19 não poderá ser como de costume. Vamos sinalizar situações de solidão e fazer-lhes chegar, na tardinha do dia 24, um carinho do Menino Jesus. Queremos romper a solidão escura dessa noite e levar o aconchego de uma simples refeição a quem suporta a dor de estar só”, referem os organizadores do evento.
Segundo o padre Fernando Milheiro, na véspera do dia de Natal, “um grupo de voluntários e benfeitores” levará à casa das pessoas “uma ceia, com bolo, biscoitos”, por exemplo, e “uma mensagem e mais alguma surpresa”. De acordo com a paróquia da Campanhã, a Conferência Vicentina entregará, dias antes do Natal, “às famílias pobres um cabaz para que façam em casa a sua ceia”.
A paróquia do norte de Portugal pede aos agregados familiares que “tentem partilhar com algum vizinho a sua refeição de consoada”, às famílias cristãs que “façam uma breve oração, pedindo a graça de Jesus para todas as famílias e para os sem-família”, e sugere que se recorra às tecnologias para que se “alarguem as formas de participação com mensagens e até com algum cântico”.
De acordo com Fernando Milheiro, “têm aumentado os pedidos e as carências” na paróquia, devido aos efeitos das medidas de contenção da Covid-19. “Estamos a apoiar mensalmente 63 famílias, o que representa mais de 13 mil euros desde março. Todo o trabalho é apoiado pelos Vicentinos e outra gente que se associa” a este serviço solidário, explica o sacerdote.