A autorização de entrada de chineses para a compra de madeira diretamente na fonte está a gerar desconforto nos operadores florestais da província moçambicana de Manica, que acusam as autoridades locais de corrupção e violação das normas, provocando a desflorestação descontrolada e a baixa de preços do produto no mercado.
“É uma questão grave quando vemos a presença dos chineses com documentos para a compra da madeira e aliciam os líderes comunitários com valores altíssimos para devastarem, delapidarem as nossas florestas”, lamentou-se à DW África Omar Bachoo, operador florestal licenciado em Manica.
Os operadores moçambicanos entendem que os chineses, por serem estrangeiros, não têm o direito de efetuar a compra do produto nas florestas, mas sim através dos operadores licenciados, que pagam impostos e cumprem com as exigências emanadas no plano de maneio, como por exemplo a responsabilidade social e reflorestamento.
Lucília Mausse, outra operadora florestal em Manica, acrescentou ainda que com a presença dos chineses nas áreas de corte, a carrada de madeira perdeu valor, pelo facto de o comprador conhecer as áreas de corte do produto. E queixou-se da má atuação dos fiscais florestais.
A DW África tentou contactar, mas sem sucesso, alguns estaleiros chineses. Os gestores dizem não ter autorização para prestar declarações à imprensa. Também as autoridades comunitárias de algumas regiões recusaram falar.