Depois da Somália ter cortado relações diplomáticas com o vizinho Quénia, acusando-o de estar a armar uma milícia para atacar as tropas somalis na zona de fronteira, a União Africana (UA) veio expressar publicamente a sua preocupação com o clima de tensão entre os dois países e apelar ao reatamento do diálogo.
“As recentes tensões entre a Somália e o Quénia, dois países vizinhos, que provocaram o corte das relações diplomáticas, continuam a ser uma grande preocupação para a União Africana. Gostaria de pedir às duas partes que iniciem o diálogo com vista ao retomar das relações e peço também ao IGAD que as encoraje fortemente”, afirmou o presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, durante a Cimeira Extraordinária da Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento da África Oriental (IGAD).
O executivo de Mogadíscio anunciou a 15 de dezembro o fim das relações diplomáticas com o Quénia, acusando-o de interferência nos assuntos internos do país. Já o porta-voz do governo queniano, Cyrus Oguna, garantiu que o Quénia não seguirá o exemplo da Somália e que, pelo contrário, procurará uma solução diplomática.
As relações os dois países deterioraram-se o ano passado, quando o Quénia acusou a Somália de leiloar quatro blocos de petróleo numa zona costeira disputada, uma acusação que a Somália negou. Em outubro de 2011, o Quénia tinha invadido também o país vizinho, depois de uma série de sequestros no seu território atribuídos ao grupo jihadista somali Al-Shabab, apesar de tropas quenianas terem sido posteriormente integradas na AMISOM, que luta contra os fundamentalistas ao lado do exército somali. Desde então, radicais islâmicos realizaram inúmeros ataques no Quénia.