A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) fez uma avaliação das medidas dos governos em várias partes do mundo para apoiar o setor da cultura, face ao impacto da pandemia, e constatou que as consequências económicas afetaram os agentes culturais de forma mais severa do que se esperava.
Durante seis meses de confinamento social, a área de produção musical pode ter perdido mais de 10 biliões de dólares em patrocínios e apoios institucionais, o mercado livreiro terá sofrido uma redução de 7,5 por cento e na indústria de cinema 10 milhões de postos de trabalhos podem ter sido eliminados somente neste ano. Um terço das galerias de arte admitiu ter reduzido o pessoal.
Segundo a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, a cultura concentra 30 milhões de empregos e como os artistas trabalham geralmente no setor informal, acabam por ficar esquecidos num momento como este, o que exige uma atenção especial para ajudar o setor a sair da crise e fomentar a diversidade cultural.
Como exemplo do que pode ser feito, a responsável citou os casos do Uruguai, Filipinas e do Zimbabwe, que estabeleceram fundos de apoio aos artistas durante a pandemia, e da Alemanha e os Emirados Árabes Unidos, que se propuseram a comprar os trabalhos dos artistas além de encomendar obras durante a quarentena.
Desde a pandemia, muitos espetáculos passaram a ser feitos online, mas com 46 por cento da população global ainda sem acesso à internet, quase metade do mundo permanece sem acesso à cultura e os artistas sem o contato com o público, alerta a UNESCO.