O controlo dos fluxos financeiros, das atividades económicas ilegais e o reforço das instituições africanas são medidas apontadas como essenciais para alcançar um efeito benéfico para a paz e segurança no continente africano, defende a conselheira do secretário-geral das Nações Unidas para África.
Segundo Cristina Duarte, tem-se registado um aumento do nível de conflitos no continente, o que levou a União Africana a adiar o decénio que tinha estabelecido como meta para silenciar as armas. Inicialmente 2020 tinha sido apontado como o ano para alcançar este objetivo, mas numa cimeira extraordinária foram acrescentados mais 10 anos.
“Antes de iniciarmos a próxima década, no que diz respeito ao silenciamento de armas em África, impõe-se uma avaliação para se entender melhor as causas e as raízes do nível relativamente elevado de instabilidade em África, de uma maneira geral. Enquanto as causas do problema não forem incluídas na equação, dificilmente iremos resolver este problema”, admitiu a responsável em declarações à ONU News.
Entre as situações que têm sido acompanhadas pelas Nações Unidas estão as crises de longa data como a da região do Sahel, da República Democrática do Congo ou as situações emergentes no norte de Moçambique e da Etiópia. Para travar estes conflitos, Cristina Duarte considera fundamental travar também a saída ilegal de dezenas de biliões de dólares do continente.
“São fluxos que pura e simplesmente nos escapam. Saem de África sob as mais diversas formas: subfaturação, sobrefaturação comercial, evasão fiscal, corrupção, lavagem dinheiro, entre outras. Mas agora também temos que começar a dar alguma atenção aos fluxos ilícitos que entram e financiam atividades ilícitas, nomeadamente o terrorismo. Nalgumas zonas em África, não em todas, o aumento da instabilidade está ligado a este fato”, sublinha a responsável.