O ministro da Saúde de Moçambique revelou esta semana que pelo menos 641 profissionais de saúde já abandonaram os seus postos de trabalho devido à violência em Cabo Delgado, no norte do país. “Perderam tudo e estão refugiados em zonas consideradas seguras”, adiantou Armindo Tiago.
Segundo o governante, está situação está a gerar mais pressão no setor da saúde, além da pandemia de Covid-19, uma vez que os ataques levaram também ao encerramento de 41 unidades hospitalares, 27 das quais por danos causados durante as ofensivas.
A violência armada na província continua a fazer aumentar o número de deslocados e só este ano já foram realojadas em novos distritos cerca de 45 mil famílias. A maior parte está concentrada em Montepuez, Chiúre e Balama, distritos considerados seguros, de acordo com o diretor para a área de Prevenção e Mitigação no Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), César Tembe.
A assistência humanitária em Cabo Delgado, a nível governamental, está a ser feita com base no plano de contingência do INGC elaborado para a época chuvosa 2019/2020, uma estratégia orçada num valor global de cerca de 81 milhões de euros, que apresenta um défice de 65 milhões de euros.
Entretanto, a ONU anunciou que precisa de 207 milhões de euros para o plano de assistência humanitária às populações deslocadas, incluindo as que se refugiaram nas províncias de Niassa e Nampula, vizinhas de Cabo Delgado. A segurança alimentar e o alojamento estão entre os principais pontos de destaque no plano de assistência da ONU.