Já se imaginou a viver numa parcela de terra onde o único acesso é o rio e a cidade mais próxima fica a cerca de oito horas de barco? Assim, de repente, pode parecer que estamos a falar de uma ilha paradisíaca, mas não. O local em questão situa-se no coração da selva do Delta Amacuro, na Venezuela, é habitado por comunidades indígenas warao e está totalmente isolado. Não tem sinal de rede telefónica, não tem sinal de televisão e muito menos o wi-fi que quase já ninguém dispensa nas zonas urbanas. Em tempos, num ou dois pontos específicos da aldeia de Nabasanuka conseguia-se, com algum esforço, a ligação à internet. Mas há uns meses, com a chegada da pandemia e o agravamento da crise no país liderado por Nicolás Maduro, o sistema de satélites do governo parou de funcionar. Se a situação já era difícil, caso fosse necessário requisitar cuidados médicos, ou simplesmente contactar com alguém no exterior, ficou ainda mais preocupante. Isto a juntar à falta cada vez maior de embarcações a motor, por falta de verbas para a manutenção e os elevados custos do combustível.

Para combater este isolamento, agora agravado pela crise pandémica, os missionários da Consolata que trabalham na região lançaram um projeto de angariação de fundos, para a compra de dois rádios de onda curta, através dos quais será possível estabelecer comunicação com a cidade de Tucupita, onde estão concentrados muitos warao que abandonaram a floresta para procurar melhores condições de vida, deixando para trás os seus familiares.

Com os cerca de 2.500 euros que esperam angariar, os missionários pretendem adquirir não só os aparelhos de receção e transmissão, como também as respetivas antenas, baterias e painéis solares para assegurar a alimentação dos equipamentos.

Através deste serviço, será possível “prestar todo o tipo de informação às comunidades, garantir aconselhamento médico no caso de pacientes em situações especiais, estabelecer ligação com as autoridades e proporcionar o contacto entre familiares afastados, em situações mais urgentes”, explicam os coordenadores do projeto.