A violência não tem dado tréguas à população dos Camarões nos últimos quatro anos. Os confrontos agravaram-se em 2016, quando um grupo de advogados saiu à rua em protesto contra a negligência a que tem sido votada a minoria de língua inglesa no oeste do país e acabou por mobilizar para a causa vários setores da sociedade civil.
Os Camarões tornaram-se independentes na década de 1960, com a fusão de um antigo território francófono e outro de língua inglesa. Oficialmente, o país ficou com duas línguas oficiais, dois sistemas educativos e dois sistemas jurídicos. Mas na realidade, a minoria no ocidente anglófono sente-se oprimida e desfavorecida há anos.
Há quatro anos, o governo reagiu com violência aos protestos pacíficos, que fizeram pelo menos seis vítimas mortais. Como resultado, formaram-se vários grupos de resistência armada. A partir de então, a situação foi tornando mais tensa e está fora de controlo.
Na cidade de Bamenda, onde tiveram início os protestos, a população vive num clima permanente de medo – de ataques de soldados e de ataques de separatistas. Todos conhecem alguém que foi raptado e até as crianças têm medo de raptos e ataques de separatistas quando passeiam pela cidade em uniformes escolares. Nos arredores, nas zonas rurais, a maioria das escolas estão fechadas desde o início dos confrontos. Um encerramento forçado pelos separatistas para exercer pressão sobre o governo.
Na aldeia de Numba, o cenário encontrado pelos repórteres da DW África é igualmente constrangedor. A escola deveria ter reaberto em setembro, mas os separatistas afastaram os professores. “Como é que uma comunidade como esta pode construir um futuro com crianças que não frequentam a escola?”, pergunta o padre Roland Arrey.
Apesar de toda a frustração, o sacerdote construiu um centro de lazer, que é um sinal de esperança para os jovens que ali recebem formação, como cabeleireiros ou alfaiates. O espaço oferece também um programa escolar alternativo para as crianças, assegurado por dois voluntários locais.