Os combates entre as tropas regionais de Tigré e as forças nacionais da Etiópia estão a obrigar muitos dos habitantes daquela região a procurar refúgio no país vizinho, o Sudão, estimando-se que desde o início do conflito já tenham cruzado a fronteira mais de 56 mil pessoas. Apenas nos primeiros dias de janeiro, foram registadas cerca de 800 pessoas a entrar em território sudanês.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), em cooperação com a Comissão de Refugiados do Sudão, está a encaminhar os deslocados para acampamentos no interior de Gedaref, notando que muitos estão a fugir apenas com a roupa do corpo. Mais de 30 por cento destes refugiados têm menos de 18 anos e cinco por cento são maiores de 60 anos. Os relatos que fazem são de casas saqueadas, meninos recrutados para a guerra e mulheres e meninas a serem vítimas de violência sexual.
“Mais uma vez, o governo do Sudão está generosamente a manter a sua fronteira aberta para refugiados, mas é necessário apoio adicional para complementar a resposta das autoridades”, alertam os responsáveis do ACNUR, destacando a necessidade de melhores condições de água e saneamento, bem como medidas de prevenção da Covid-19, incluindo instalações de isolamento. Ou seja, é urgente conseguir mais financiamento para melhorar os abrigos antes da estação chuvosa, que começa em maio.
Já na região de Tigré, o acesso humanitário a algumas áreas melhorou ligeiramente, mas continua difícil devido à insegurança e às restrições burocráticas, segundo o Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU. As missões de avaliação no sudeste e oeste de região encontraram uma situação humanitária terrível, com acesso precário a serviços e meios de subsistência e grande carência de abrigos, alimentos, itens não alimentares, água, saneamento, higiene, prestação de serviços de saúde e proteção.