O enviado especial das Nações Unidas para a Síria, Geir Pedersen, alertou esta semana os membros do Conselho de Segurança da organização para o agravamento da situação humanitária num país em guerra há 10 anos e para a incapacidade do governo e restantes autoridades em proporcionar serviços básicos e ajudas para a aquisição de bens essenciais.
“Uma tempestade perfeita de fatores – o impacto de uma década de conflito, as condições económicas mundiais causadas pela pandemia, os efeitos indiretos da crise no Líbano, fatores internos como as batalhas económicas, a corrupção e a má gestão – estão a provocar um lento tsunami que se abate sobre a Síria”, frisou o responsável.
Segundo o diplomata norueguês, com o aumento da inflação e a falta de pão e de combustíveis, é de prever que tanto o governo como as restantes autoridades “sejam cada vez mais incapazes de proporcionar serviços básicos e ajudas para a aquisição de produtos essenciais”.
Qualificando os últimos 10 meses como os mais tranquilos dentro da evolução do conflito, Pedersen advertiu, no entanto, que se vive “uma calma frágil” que pode ser quebrada a qualquer momento, como ficou demonstrado quando em dezembro último se registou uma escalada de violência no noroeste do país.
Em complemente à mensagem do enviado especial, o secretário-geral adjunto para os Assuntos Humanitários lembrou que o valor da moeda síria diminuiu drasticamente desde o início de janeiro, fazendo disparar os preços dos alimentos para máximos históricos.
“Como resultado da diminuição do poder de compra, mais de 80 por cento dos agregados familiares dizem depender de mecanismos negativos para fazer frente à situação e poder comprar alimentos. O mais preocupante é a crescente dependência do trabalho infantil. Uma família em cada 10 admite depender dos seus filhos no rendimento familiar”, disse Mark Lowcock.