A República Centro-Africana (RCA) está em estado de emergência, depois dos sucessivos ataques dos grupos armados, que se aliaram numa coligação contra a reeleição do Presidente Faustin Archange Touadéra. Os rebeldes têm realizado ataques esporádicos, geralmente longe da capital, mas dois ataques simultâneos foram repelidos a 13 de janeiro em Bangui, levantando a possibilidade de um golpe de Estado. Atualmente, os insurgentes controlam dois terços do território nacional.
A guerra civil na RCA foi desencadeada há oito anos pela insurreição dos rebeldes Seleka, um grupo de milícias predominantemente muçulmano, e pela resposta armada das milícias anti-Balaka, predominantemente cristãs. Para fazer frente aos grupos armados, estão no terreno, desde 2014, cerca de 12.000 capacetes azuis, para além de centenas de forças paramilitares enviadas pelo Ruanda e pela Rússia no final de dezembro para apoiar Touadéra.
A semana passada, o enviado das Nações Unidas (ONU) para a RCA, Mankeur Ndiaye, apelou ao Conselho de Segurança para um “aumento substancial” do número de forças de manutenção da paz destacadas no país. A UNMISCA é neste momento uma das maiores e mais dispendiosas missões militares da ONU no mundo.
Sem uma perspetiva de diálogo entre o governo e os rebeldes no horizonte, a situação de insegurança vai-se agravando no país, o que contribui para a fraca prestação económica. Apesar da sua riqueza em diamantes e gado, em 2019 a RCA ficou em 188º lugar entre os 189 países no Índice de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Cerca de 71 por cento dos 4,9 milhões de habitantes vivem abaixo do limiar da pobreza, de acordo com o Banco Mundial.