‘Memorizar’ é o nome de um projeto que está a “evoluir” na Santa Casa da Misericórdia de Vagos (SCMV), no distrito de Aveiro, com o objetivo de ajudar pessoas com demência e seus cuidadores. A “mais recente estratégia” deste projeto visa “tornar os domicílios de alguns utentes em casas amigáveis”, conforme explicam os serviços de comunicação da União das Misericórdias Portuguesas.
Com a consciência de que o “declínio cognitivo é tanto mais acentuado e irreversível quanto menor for o estímulo cognitivo”, a equipa do projeto ‘Memorizar’ desenvolveu a ‘Casa amigável’, a qual pretende auxiliar o utente e cuidador, com recurso a “fotografias reais do domicílio do utente”.
Anabela Silva, neuropsicóloga e uma das dinamizadoras da ‘Casa Amigável’, explica que com a autorização do cuidador, são tiradas “fotografias ao interior dos armários, gavetas e mobiliário que fazem parte da cozinha e da sala”. Os registos fotográficos são depois colados no “exterior de cada armário, identificando os objetos que se encontram no seu interior”, explicou a especialista.
Segundo Anabela Silva, recorrer a fotografias reais é uma forma de estimular a memória emocional e afetiva. A iniciativa envolve também os cuidadores. “Costumamos dizer às famílias que as tarefas devem ser feitas com ele [utente] e não por ele”, indicou a neuropsicóloga, adiantando que a identificação, por exemplo, do “armário onde estão guardados os copos, o utente está a estimular a sua perceção visual, bem como as faculdades executivas e de orientação espacial”.
A primeira ‘Casa amigável’ foi possível há um ano, mas a pandemia da Covid-19 levou a uma suspensão do projeto. O quinto domicílio adaptado tornou-se uma realidade no primeiro mês de 2021. Nem todas as pessoas com demência vão poder participar neste projeto, porque nem todos os estádios da doença o possibilitam. No entanto, de acordo com Anabela Silva, é um objetivo fazer crescer a quantidade de casas amigáveis ao longo deste ano.