O cardeal António Marto, bispo de Leiria-Fátima, celebrou esta quinta-feira, 11 de fevereiro, uma Missa evocativa do Dia Mundial do Doente, onde deixou uma palavra de esperança a quem está a sofrer ou viu partir os seus entes queridos sem um funeral à altura, e exortou as comunidades cristãs a tornarem-se próximos dos enfermos.
“A doença não é algo de abstrato. Tem sempre o rosto de cada doente que não pode ser reduzido a um número, a um diagnóstico ou relatório clínico. Cada doente é uma pessoa única, uma vida de relações, um coração com sentimentos e anseios, uma história singular”, afirmou o purpurado, a partir da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.
Segundo António Marto, que falava em representação da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), “uma sociedade é tanto mais humana quanto melhor sabe cuidar dos seus membros frágeis e sofredores”. Neste sentido, nem os governantes nem os cidadãos devem ignorar que “investir recursos nos cuidados e na assistência às pessoas doentes é uma prioridade ligada ao princípio de que a saúde é um bem comum primário”.
“Também para a Igreja, este cuidado não é algo acessório ou opcional. Faz parte da missão que Jesus lhe confiou de continuar a sua obra: levar a proximidade, a ternura, a compaixão, o conforto e apoio a todos ao que sofrem. […] Cada comunidade cristã, é chamada a realizar esta missão localmente. A todos os que sofrem façamos, pois, sentir a nossa proximidade material e espiritual. É importante não os deixar no abandono e na solidão quando se encontram a enfrentar um momento tão delicado ou duro da sua vida. Que nenhum se sinta só e abandonado”, afirmou o cardeal.
Recordando o facto da pandemia de Covid-19 nos fazer sentir ainda mais a fragilidade da vida, António Marto não esqueceu as muitas feridas que este surto pandémico veio abrir em tantas famílias, não só pelo medo da doença, da dor, do isolamento, da solidão, da ameaça do desemprego, mas sobretudo aquelas “que não puderam dizer uma palavra ou um gesto de adeus aos seus entes mais queridos, nem realizar um funeral à altura e ficam num estado de luto suspenso e amargo”.
Por fim, o bispo de Leiria-Fátima apontou a fé como um dos remédios para enfrentar a doença: “Embora a doença faça parte da experiência humana, nós não conseguimos habituar-nos a ela porque por vezes é grave e pesada, por isso, difícil de suportar. Para cada um, o sofrimento é sempre um estrangeiro. A sua presença não é domesticável. Sem a ajuda do Senhor, o jugo da doença e do sofrimento é demasiado pesado. Como podemos e devemos reagir enquanto cristãos? Certamente com os cuidados e tratamentos que a medicina nos oferece e que nos últimos decénios deu passos de gigante. Por isso devemos estar muito gratos e neste momento por nos proporcionar a vacina qual luz de esperança para sair da pandemia. Mas a Palavra de Deus ensina-nos que há uma atitude decisiva para enfrentar a doença: a fé em Deus e na sua bondade”.