A representante do secretário-geral das Nações Unidas para Crianças e Conflitos Armados, Virgínia Gamba, alertou esta sexta-feira, 12 de fevereiro, para a existência de centenas de milhares de menores “usados como combustível descartável da guerra” e chamou a atenção para a destruição da dignidade, da vida e do futuro das crianças recrutadas pelos grupos armados.
A ONU assinala hoje o Dia Internacional contra o Usos de Crianças-Soldado, uma data também conhecida como Dia da Mão Vermelha, e o alto representante da União Europeia, Josep Borrell, aproveitou para destacar que, “apesar dos compromissos e esforços globais, as crianças em todo o mundo continuam a sofrer as consequências dos conflitos”.
Os grupos armados continuam a recrutar e a usar menores nos conflitos, separando-os “das suas famílias e comunidades, destruindo cruelmente a sua dignidade, as suas vidas e o seu futuro”, sendo que “apenas uma fração dos que são libertados beneficia de programas de reintegração”, refere o porta-voz europeu.
Em tempos de pandemia, o impacto desses atos é assustador sobre os menores, que sofrem com o aumento da pobreza e a falta de oportunidades. Por isso, agravam os fatores de incentivo e atração para o recrutamento e uso de crianças pelas forças armadas e grupos armados, bem como violência sexual ou raptos.
Os dois representantes sublinham que as oportunidades de educação, já interrompidas pela guerra e deslocamento, escasseiam ainda mais e “as crianças têm pago o preço mais alto de uma forma trágica”, e reiteram o pedido às partes envolvidas nesta prática, para que assumam de forma conjunta a responsabilidade “de construir um sistema sustentável que proteja todas as crianças em todos os momentos.”