Antes de abandonar a diocese moçambicana de Pemba, o bispo Luiz Fernando Lisboa – recém-nomeado pelo Papa arcebispo da diocese de Cachoeiro de Itapemitim, no Brasil – reiterou a sua preocupação pela grave situação que enfrentam os mais de 600 mil deslocados pela “guerra terrorista” na província de Cabo Delgado e pelos desafios que isso representa para a estabilidade no país.
“A província de Cabo Delgado sofre há três anos e quatro meses uma guerra terrorista que já provocou a fuga de mais de 600 mil pessoas e a morte de mais de duas mil. A cidade de Pemba, a sua capital, acolheu mais de 150 mil deslocados desde o início do conflito e cada uma das restantes cidades da zona sul ou centro, encontram-se na mesma situação, ou seja, com milhares de refugiados cuja situação se agrava fortemente com os ciclones que fustigaram essas zonas nos últimos meses”, afirmou o prelado em declarações à agência Fides.
Segundo Luiz Lisboa, a esperança na procura de soluções para o problema, centra-se agora na comunidade internacional, já que todas as tentativas de levar o conflito para o plano das negociações têm esbarrado na impossibilidade de encontrar interlocutores entre os terroristas ou representantes oficiais dos seus movimentos.
“Não há ninguém com quem negociar porque os terroristas não têm rosto, não indicaram um nome que os represente. O Presidente da República ofereceu proteção aos jovens que decidam deixar os grupos armados, mas até ao momento não houve resposta a este desafio. A esperança que temos é que com a ajuda da União Europeia, da União Africana, e da Comunidade de Desenvolvimento da África Meridional, possamos sair desta situação”, disse o bispo.
Entretanto, a Igreja Católica ativou a distribuição de ajuda humanitária através da Cáritas e criou um grupo com cerca de 70 pessoas que disponibiliza serviços de apoio psicológico às vítimas, o que lhes permite contar as suas histórias, os seus traumas, as suas tragédias, e incentiva a que possam levantar a cabeça e começar de novo.