O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) manifestou-se esta semana alarmado com as atrocidades cometidas por grupos armados no leste da República Democrática do Congo (RDC), onde, em 2020, foi registada a morte de mais de 2.000 civis. Os assassinatos e sequestros continuam e os responsáveis da agência acreditam que esta estratégia faz parte de “um padrão sistemático para agitar a vida dos civis, provocar medo e criar confusão”.
Em declarações aos jornalistas, a partir de Genebra, na Suíça, o porta-voz do ACNUR, Babar Baloch, confirmou que os assassinatos e sequestros têm continuado este ano, sobretudo na província do Kivu Norte, e os alvos principais são as populações civis obrigadas a deixar as suas áreas de origem. Neste momento, mais de 88 mil deslocados vivem em 22 locais apoiados pelas Nações Unidas.
Segundo o responsável, os grupos armados tentam declarar toques de recolher e forçar pessoas a fazer os chamados “pagamentos de segurança e impostos”, e há suspeitas de colaboração de outros grupos ou forças de segurança congolesas nesses atos. Foram ainda recolhidos relatos da ocupação forçada de escolas, residências e ataques realizados em centros de saúde.
Perante este cenário, o ACNUR reitera o apelo a todos os envolvidos para que “respeitem o caráter civil e humanitário dos locais que acolhem deslocados” e propõe o rápido início de investigações independentes sobre os crimes cometidos na região, para que os responsáveis sejam levados à justiça.