A mais recente ofensiva do grupo Ansar Allah na região de Marib provocou uma viragem brusca na situação do Iémen e coloca em perigo milhões de civis, com os combates a aproximarem-se dos campos de deslocados internos e a ameaçarem a paralisação de hospitais e fábricas de alimentos, por falta de combustível.
“Vislumbra-se uma ameaça de fome. Um grande número de funcionários não está a receber os seus salários. A entrada insuficiente de barcos com combustível no porto de Hudaydah, junto com os obstáculos na distribuição nacional, provocaram uma grande escassez de combustível nas zonas do norte controladas pelo grupo Ansar Allah. Chegam-nos informações de que os hospitais e as fábricas de alimentos estão a ficar sem combustível”, revelou o enviado especial da ONU para o país árabe.
Segundo Martin Griffiths, apesar da situação no terreno continuar delicada, “existe um renovado impulso internacional” para procurar uma solução pacífica para o conflito e “uma renovada atenção dos Estados Unidos da América”, que além de terem nomeado um enviado especial para o Iémen, anunciaram o fim do apoio à coligação militar liderada pela Arábia Saudita.
O representante da ONU considera, por isso, que se deve aproveitar a oportunidade para revitalizar o processo político, com um “acordo de cessar-fogo imediato em todo o país”, adoção de medidas económicas e humanitárias que garantam o fluxo de combustível e outros produtos básicos, assim como a abertura do aeroporto de Saná ao tráfico comercial internacional.