Um grupo de líderes indígenas brasileiros, apoiado por ativistas mundiais do movimento de direitos ancestrais e justiça ambiental, lançou uma campanha global a favor da preservação da Amazónia, onde é pedido aos países europeus, norte-americanos e asiáticos “que tanto lutam pelas alterações climáticas”, que “paralisem a importação de produtos fruto da desflorestação e destruição da Amazónia, que potenciam o extermínio de povos indígenas, e façam pressão sobre o governo brasileiro”.
O cacique Raoni Metuktire, de 91 anos, figura incontornável da resistência indígena e um dos líderes envolvido na campanha, lembra o período da colonização, “que começou com os portugueses e foi o início de todos os problemas” para os povos ancestrais, ao transportarem consigo “escravatura”, “mortes” e “disputas”. Apesar disso, salienta, os povos indígenas sempre tomaram “conta da natureza, geração após geração”, um missão que quer continuar a cumprir até ao fim da sua vida.
Já Sydney Possuelo, ativista e ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), admite existir um preconceito na sociedade civil brasileira em relação à importância dos povos nativos, que os vê como sinónimo de “atraso”. “Apenas uma elite pequena da sociedade brasileira se preocupa com os indígenas. Os próprios vizinhos dos povos ancestrais, disputam com eles as terras. Se ainda acham que os indígenas atrasam o desenvolvimento do mundo, que é isso que está difundido no Brasil, a situação não irá melhorar”, salienta.
De acordo com o ativista, que dedicou 42 anos da sua vida à causa indigenista, a própria FUNAI, o órgão governamental responsável pelas questões indígenas, pratica, atualmente, uma “política anti-indígena”: “Nada está seguro, nem mesmo as terras já demarcadas. Pode vir um Governo e destruir o trabalho já feito”.