A Basílica de Santo António de Pádua, instalada numa das avenidas mais famosas de Istambul, na Turquia, já não corre o risco de terminar no mercado imobiliário como propriedade privada. Após meses de investigação, as autoridades conseguiram desmantelar uma rede de burlões que tinha concebido uma complexa operação fraudulenta para ficar na posse do templo e colocá-lo à venda.
O grupo criminoso, segundo apuraram os investigadores policiais, estava a especializar-se em burlas imobiliárias contra comunidades eclesiais e religiosas, proprietários estrangeiros e grupos étnicos minoritários. O alegado líder do grupo, Sebahattin Gök, já foi detido e constituído arguido.
A primeira igreja construída na área que ocupa atualmente da Basílica foi erguida em 1725 pela comunidade italiana de Istambul. O templo foi reconstruído entre 1906 e 1912 pelos franciscanos conventuais e, de acordo com a prática da época, a propriedade da Igreja era propriedade de membros da família real italiana. Em janeiro de 1971, porém, a Santa Sé e os herdeiros da família real renunciaram aos direitos de propriedade, em benefício da comunidade católica local.
De acordo com as autoridades, nos últimos anos, Gök havia realizado várias viagens a Itália, França e Estados Unidos da América, recolhendo poderes notariais assinados por pessoas que apresentava como legítimos herdeiros dos antigos proprietários da Basílica. Com estes documentos, e depois de ter reunido também duvidosos “certificados de herança”, o negociante turco dirigiu-se ao distrito cadastral local para reclamar o direito de posse do local de culto em nome dos legítimos donos, o que acabou por dar origem a uma queixa em tribunal e a um processo de averiguações.
No decurso das diligências probatórias, os investigadores descobriram ainda que a mesma rede de cúmplices ligados a Gök tinha tentado uma burla similar para apoderar-se ilegalmente da igreja búlgara de Galata e de outros locais de culto construídos no passado pelas comunidades locais de arménios, franceses, italianos e hebreu.