Um ano depois da proibição da entrada dos ambientalistas na área do Santuário de Vida Selvagem de Prey Lang, no Camboja, a Amnistia Internacional (AI) lançou um alerta para as ameaças que esta área protegida enfrenta, sobretudo pela extração ilegal de madeira em larga escala.
“Enquanto as autoridades cambojanas impedem a Rede Comunitária de Prey Lang e os defensores ambientais de protegerem o Santuário de Vida Selvagem de Prey Lang, os madeireiros ilegais estão desflorestar impunemente”, alerta o diretor de Crises e Meio Ambiente da organização.
Segundo Richard Pearshouse, “as autoridades cambojanas devem permitir que estes defensores ambientais retomem as suas patrulhas e realizem o seu trabalho vital de prevenção da destruição de uma das florestas tropicais mais importantes do mundo, que está a desaparecer diante dos nossos olhos”.
Prey Lang é a maior floresta perene das terras baixas do Sudeste Asiático, com aproximadamente 500 mil hectares, abrangendo quatro províncias do Camboja. Em 2016, foi designada Santuário de Vida Selvagem. Mais de 250 mil pessoas vivem dentro ou nas imediações desta área protegida, que encaram como uma parte crucial da vida, cultura e espiritualidade.
Mas uma análise às imagens de satélite mostra uma tendência preocupante de extração ilegal de madeira. Nos registos do passado dia 5 de fevereiro, foram detetados vários troncos empilhados numa área desflorestada recentemente, nos arredores de Prey Lang. Além disso, é possível verificar a existência de novas estradas de acesso que não eram visíveis em imagens anteriores, de janeiro de 2020.
Depois do Ministério das Minas e Energia do Camboja ter assinado um acordo para a construção de uma linha de transmissão de energia de 299 quilómetros, entre Phnom Penh e a fronteira com o Laos, em dezembro do ano passado, os ativistas temem agora que este projeto leve a novas ações de desflorestação e que divida Prey Lang em duas partes.
“As autoridades devem cancelar este projeto da linha de transmissão porque vai atravessar o coração de Prey Lang e, em vez disso, optar por rotas alternativas que não destruam ainda mais a floresta. Devem existir alternativas viáveis que protejam Prey Lang, bem como os direitos humanos dos povos indígenas e das comunidades locais”, defende Richard Pearshouse.