A Igreja Católica do Peru reagiu em comunicado ao primeiro caso de eutanásia no país, reiterando que, “à semelhança de Jesus, o Bom Samaritano, estará sempre presente, cuidará e acompanhará os doentes, com a certeza de que toda a vida humana é inalienável e tem um valor infinito porque é um dom de Deus”. A reação da Conferência Episcopal surge depois do poder judicial ter ordenado ao Ministério da Saúde peruano para “respeitar a decisão de Ana Estrada Ugarte de pôr fim à sua vida mediante o procedimento técnico da eutanásia”.
A legislação no Peru não contempla o direito à morte medicamente assistida, mas um tribunal de primeira instância autorizou a eutanásia da psicóloga, à luz da interpretação dos direitos fundamentais. A mulher, de 43 anos, padece de uma doença degenerativa há três décadas, pelo que os juízes determinaram que quem a ajudar a por termo à vida não será punido.
A decisão tem dividido a opinião pública, devido à tomada de posição de algumas instituições, ao ponto do deputado em matéria constitucional, Percy Castillo, ter assegurado que o organismo que representa continuará a apoiar Ana Ugarte, caso esta decisão de primeira instância venha a ser objeto de recurso.
“Esta é a primeira instância, mas poderá ser a última se os promotores do Ministério da Saúde e da Justiça decidirem não recorrer. Espero que isso não suceda, porque as instituições, como o Estado, devem estar alinhadas com os direitos fundamentais, e os advogados, como defensores do Estado, devem aderir a eles”, sublinhou Castillo, citado pela agência Fides.
Mas para os bispos, “a eutanásia será sempre o caminho errado, porque é um atentado contra o direito inalienável à vida, provoca diretamente a morte de um ser humano e, como tal, é um ato intrinsecamente mau em todas as ocasiões e circunstâncias”.