Um grupo de mulheres indígenas amazónicas do Equador aproveitou as comemorações do Dia Internacional da Mulher para exigir respeito pelos seus territórios e rejeitar a exploração dos recursos do subsolo, apresentando-se como “defensor da vida” e do ambiente.
“Hoje não estamos para festejar nem celebrar com alegria porque as nossas irmãs ainda continuam a ser despojadas dos seus territórios e as nossas crianças estão a ficar sem casa”, por causa do extrativismo, disse Lineth Capapucha, porta-voz do grupo.
A líder indígena lamenta que os recursos continuem a ser extraídos sem que os indígenas tenham dado o seu consentimento e sem que se respeite o seu direito à autodeterminação, enquanto o petróleo e os resíduos da atividade mineira continuam a ser derramados nos rios e nas florestas, perante “o silêncio vergonhoso” das autoridades.
O Equador tem uma pequena parte da Amazónia, apenas dois a três por cento do total, mas é a região com mais biodiversidade. E é também onde se concentra a extração de petróleo e a mineração de metais.
“Não sei onde estão as autoridades, o governo. Não há apoio, não olham para a selva. Nem se dão conta de que enquanto estão a tomar a floresta, estão a acabar com a nossa medicina”, destaca, por sua vez, a indígena Zoila Castillo.
O extrativismo no Equador desenvolve-se essencialmente em cinco das seis províncias amazónicas. A atividade sustenta os cofres públicos mas, para os indígenas, afeta a sua agricultura, a caça e pesca, pela contaminação que provoca. Além disso, a chegada das empresas tem gerado violência e mudanças negativas na sociedade, especialmente nas camadas mais jovens.
“Queremos que a nossa voz seja respeitada em todo o âmbito social, económico, político e cultural. Não aceitamos nenhuma tentativa de intromissão das multinacionais extrativas nos nossos territórios”, assevera Nely Guamptash, outra das dirigentes indígenas.