A Human Rights Watch (HRW) e o EJ Justice, grupo que promove os direitos humanos e a boa governança na Guiné Equatorial, defendem a realização de uma investigação internacional à explosão ocorrida num campo militar, no domingo, e apelam aos doadores e grupos de apoio que enviem ajuda “diretamente para as pessoas afetadas” e não para o governo, por causa dos “elevados níveis de corrupção” no país.
As várias explosões nos depósitos de armamento de um quartel na cidade portuária de Bata, capital económica na parte continental do país, com pouco mais de 250 mil habitantes, causaram pelo menos 105 vítimas mortais e 615 feridos e destruíram a quase totalidade das casas e edifícios num raio de mais de dois quilómetros.
“Os residentes de Bata estão a sofrer. Merecem respostas credíveis sobre o que aconteceu e apoio imediato para tratar dos feridos, abrigar os desalojados e reconstruir a cidade. A única forma de conseguir isso é através de uma investigação independente e ajuda internacional entregue diretamente às pessoas afetadas”, afirmou o diretor do EG Justice, Tutu Alicante, citado pela agência Lusa.
Imediatamente após as explosões, o Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, disse ter pedido aos “tribunais competentes” para conduzirem uma investigação, afirmando que a causa foi a queimadas em “terras próximas por vizinhos”e a “negligência da unidade” encarregada de proteger os explosivos. Na mesma declaração, Obiang citou dificuldades económicas e a queda dos preços do petróleo devido à pandemia de Covid-19 como razão para pedir ajuda internacional.
Antiga colónia espanhola, governada há 42 anos por Teodoro Obiang, a Guiné Equatorial, um país rico em recursos, mas com largas franjas da população abaixo do limiar da pobreza, integra a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014.