A violência de género está a registar-se cada vez mais cedo na vida das mulheres e meninas. Segundo um estudo da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 25 por cento das jovens, com idades entre os 15 e os 24 anos, já sofreram violência física ou sexual. A nível global, estima-se que um terço das mulheres, o equivalente a 736 milhões, já foi vítima de violência.
Tedros Ghebreyesus, líder da OMS, lembra que a violência contra as mulheres é endémica em todos os países e culturas e afeta milhões de mulheres e famílias. E a pandemia da Covid-19 só serviu para piorar a situação. Apesar dos esforços de governos e sociedade civil, o número de vítimas continuou sem mudanças ou melhorias na última década.
Os dados agora recolhidos revelam que dos 736 milhões de vítimas da violência, 641 milhões foram agredidas pelo parceiro íntimo. Mas estes números, que não incluem o impacto da pandemia, podem ser ainda mais altos, já que muitas vítimas temem o estigma de relatar um crime sexual.
A violência de género é maior em países de rendimentos baixos e médios. De acordo com a OMS, cerca de 37 por cento das cidadãs, entre 15 e 49 anos, em nações pobres sofreram violência física ou sexual de um parceiro. E em alguns países, este número sobe para a metade.
Para Phumzile Mlambo-Ngcuka, diretora executiva da ONU Mulheres, a violência contra as mulheres, em particular o aumento das agressões a mulheres e mães mais jovens, é uma “pandemia paralela” que exige a tomada de medidas fortes e pró-ativas por parte de todos os governos.