A proteção da biodiversidade é uma das melhores vacinas frente a futuras pandemias zoonóticas, já que os ecossistemas equilibrados amortizam e travam a dispersão de doenças de origem animal, admitem vários especialistas ouvidos pela agência EFE, por ocasião do primeiro aniversário da declaração do estado de alarme por causa da Covid-19.
A sociedade já “interiorizou a relação entre as alterações climáticas e o modelo energético”, mas ainda “não está consciente da ligação entre a perseguição de espécies e a destruição de ecossistemas” com o aparecimento de novas doenças zoonóticas, refere o biólogo e coordenador de conservação da WWF Espanha, Luis Suárez.
Segundo um relatório da Plataforma Intergovernamental sobre Diversidade Biológica e Serviços dos Ecossistemas, existem “cerca de 800 mil vírus não descritos que podem afetar o ser humano”, alguns patogénicos que permanecem de forma natural nos habitats “equilibrados”.
Para o coordenador da WWF, a solução “não deve limitar-se a medidas reativas de restauro e conservação”, por que o que está a destruir da natureza “é a desflorestação para consumo de madeira e alimentos, a construção de infraestruturas para transporte ou energia, e o esgotamento dos recursos hídricos”.
Fernando Valladares, investigador do Museu Nacional de Ciências Naturais, explica, por sua vez, que “quando se retira um animal do seu ecossistema, se transfere e mantém em cativeiro”, o seu sistema imunitário “fica mais débil, os patógenos que contém descontrolam-se e convertem-se em animais infecciosos”.
Neste contexto, “a melhor vacina que podemos ter perante esta e futuras pandemias é conservar a biodiversidade”, reforça Luis Suárez, sublinhando que “se queremos proteger a nossa saúde, temos que proteger a saúde do planeta”, pois “enquanto o planeta continuar doente, também nós o estaremos”.