Sem uma solução política que conduza a uma situação de paz sólida e duradoura, a Síria entra no décimo ano de guerra civil, com um balanço de centenas de milhares de mortos e milhões de deslocados. A situação no país continua dramática e o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pediu à comunidade internacional que reforce o apoio humanitário.
“Após uma década de conflito, no meio de uma pandemia e enfrentando um fluxo constante de novas crises, a Síria não aparece mais nas primeiras páginas dos jornais, mas mesmo assim precisa ser lembrada. Centenas de milhares de sírios morreram e milhões ficaram deslocados. Muitos continuam detidos ilegalmente e muitas vezes são torturados, desaparecem ou vivem na incerteza”, disse Guterres, em conferência de imprensa.
Segundo o líder da ONU, os sírios sofreram violações dos direitos humanos numa escala massiva e as partes em conflito violaram o direito internacional humanitário, “com absoluta impunidade”, ao bombardearem casas, escolas, hospitais e mercados, utilizarem armas químicas, deixarem cidades sitiadas e deixarem os civis famintos.
Cerca de metade das crianças na Síria nunca viveu um dia sem guerra e, para agravar esse sofrimento, o país enfrenta o colapso económico e o aumento da pobreza causados por uma combinação de conflito, corrupção, sanções e a pandemia de Covid-19. Cerca de 60 por cento dos sírios correm o risco de passar fome este ano.
Guterres disse ainda esperar que, através do Comité Constitucional, as partes aproveitem a oportunidade para demonstrar disposição para encontrar um consenso: “Este é o caminho que levará a uma solução que atenda às aspirações legítimas de todos os sírios, crie as condições necessárias para o retorno dos refugiados em segurança e dignidade e respeite a soberania, a integridade territorial e a independência da Síria”.