Os governos do Quénia e da Somália estão num impasse em relação à alteração das suas fronteiras marítimas, por causa de uma área considerável do Oceano Índico, rica em petróleo e gás e fundamental para o sustento de centenas de milhares de pessoas que dependem da pesca para sobreviver.
A área em questão estende-se por mais de 160 mil quilómetros quadrados. A Somália, que se situa a nordeste do Quénia, quer alargar a sua fronteira marítima ao longo da linha de fronteira terrestre, em direção a sudeste. Já o Quénia quer que a fronteira seja deslocada para o mar numa linha reta para leste, o que lhe daria mais território marítimo.
Embora não se preveja que o desacordo leve a um conflito armado entre os dois países, o clima de tensão está a suscitar a preocupação entre as comunidades que vivem da pesca. “Estamos realmente preocupados. Se as questões fronteiriças não forem bem resolvidas, vão nos trazer problemas. Isto irá tomar as nossas zonas de pesca e também causar tensões entre nós e as comunidades somalis”, admitiu o queniano Adam Lali, em declarações à agência DW África.
Segundo Lali, há mecanismos alternativos que podiam ser eficazes na resolução do conflito, como o mecanismo de fronteiras da União Africana, ou as negociações bilaterais diretas entre os países, mas afigura-se pouco provável que o diálogo tenha lugar em breve. As relações entre o Quénia e a Somália tornaram-se cada vez mais tensas após o governo da Somália romper os laços diplomáticos com o Quénia em dezembro, quando acusou Nairobi de se intrometer nos seus assuntos.