A pandemia de Covid-19 deu mais visibilidade aos problemas de saúde mental, mas as dificuldades sentidas nesta área são muito anteriores à crise pandémica, já que o financiamento para o setor tem sido, no mínimo, três vezes inferior ao necessário, alertou o diretor do Plano Nacional de Saúde Mental.
Segundo Miguel Xavier, que foi ouvido na Comissão Parlamentar de Saúde, esta quarta-feira, 24 de março, o investimento que tem sido feito na área da saúde mental tem sido sempre inferior à carga que a doença representa para a sociedade portuguesa.
“Isso separa o nosso país dos restantes países da União Europeia, em que existe proporcionalidade do que é a carga das doenças mentais e daquilo que os países que nelas investem”, sublinhou o responsável, manifestando-se esperançado que a maior consciência da sociedade em relação ao impacto que a patologia mental tem na vida das pessoas possa gerar uma oportunidade para dar um impulso nas respostas necessárias.
“Portugal tem uma dívida com os doentes de saúde mental que ainda não pagou e espero que a passe a pagar nos próximos três a quatro anos”, afirmou Miguel Xavier, reconhecendo que pouco se concretizou nos últimos anos na área da saúde mental por falta de financiamento, e que, apesar de a estratégia estar desenhada, ao nível do investimento, a única coisa que se concretizou foi a criação das equipas comunitárias.