Revitalização e reestruturação foram duas palavras chaves no XIII Capítulo Geral dos Missionários da Consolata que, ao mesmo tempo, reafirmou o caminho da continentalidade para requalificar a missão.
Luzes e sombras fazem parte da história da evangelização no Continente americano, em especial na América Latina. Hoje, o contexto sociopolítico, cultural e eclesial coloca em evidência alguns desafios e oportunidades para a desejada revitalização e a reestruturação das nossas presenças e opções missionárias no Continente.
Ao falar da contextualização da missão, o XIII Capítulo Geral (2017) convidou a colocar-nos “em estado profundo de conversão”. Afirmou, “não é possível continuar com os mesmos esquemas e realidades do passado: para vinho novo, são necessários odres novos”. Deixou claro também, que “revitalização e reestruturação são duas faces da mesma medalha”, “integram-se e complementam-se reciprocamente”, e que esse processo “deve ter um efeito direto nas presenças, nas atividades e na organização do Instituto”.
No caminho de continentalidade somos guiados pelo Projeto Missionário Continental (PMC América) elaborado à luz do Capítulo. Nossas opções e serviços se concretizam nos planos aprovados nas conferências das diversas circunscrições feitos missão concreta na vida das comunidades IMC inseridas na realidade.
Observando a caminhada do Instituto no Continente América podemos destacar desafios e oportunidades que se devidamente entendidas e assumidas qualificam a missão.
- A sinodalidade (caminhar juntos) como metodologia e estilo de missão
O amor de Cristo nos uniu e nos enviou como seus discípulos para testemunhar a alegria do Evangelho. Na missão da Igreja, caminhamos juntos numa dinâmica sinodal. “A sinodalidade indica a forma específica de viver e trabalhar da Igreja, o Povo de Deus, que se manifesta e realiza concretamente a sua comunhão no caminhar juntos, na reunião em assembleia e na participação ativa de todos os seus membros na sua missão evangelizadora” (Comissão Teológica, Sinodalidade na Vida e Missão da Igreja, 6).
- A realidade e os povos com as suas culturas determinam o nosso estilo de missão
A partir do momento em que entramos na realidade da missão nos encontramos com povos e culturas, entramos em contato com seus gritos e esperanças. Neste sentido, as palavras dos Padres conciliares são inspiradoras: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração” (GS 1).
Chegamos no Continente americano como discípulos missionários de diferentes países com a nossa própria história e condicionamentos socioculturais. Estamos conscientes de sermos hóspedes na “casa” do outro. Os donos do lugar são os que nos recebem (na sua alteridade e realidade) com os seus anseios e preocupações. O mínimo que se espera de nós é um esforço para mergulhar na realidade dispostos ao processo de inserção – encarnação que implica morte e ressurreição. Este encontro sagrado exige uma conversão integral que nos permita escutar e respeitar. Somos continuamente desafiados a ultrapassar as práticas colonizadoras da missão para dar lugar aos verdadeiros protagonistas: os povos com sua história e culturas.
Somos provenientes de diferentes países e culturas. Portanto, além da inculturação, devemos ter presente também, a interculturalidade, a comunhão com a Igreja local e o compromisso com as nossas opções continentais: Amazônia, Povos Indígenas, Pastoral Afro, Pastoral Urbana, Periferias Existenciais e Migrantes. A história nos ensina que não convém implantar modelos de evangelização trazidos de fora.
O Sínodo para a Amazônia (outubro de 2019) fez um forte apelo para ouvir tanto o “grito dos pobres quanto o grito da Terra”. Isso mostra que, os temas de Justiça, Paz e Integridade da Criação são elementos constitutivos da missão.