Muitos acreditam que não há paz sem guerra, e que, sem luta, a paz é mera ilusão. Alguns pensam ainda que devemos recorrer a armas poderosas para construir a paz. Concordo que a paz é fruto de muito esforço, mas, não é uma luta contra o outro. “As mútuas relações internacionais, do mesmo modo que as relações entre os indivíduos, devem-se disciplinar não pelo recurso à força das armas, mas sim pela norma da reta razão, isto é, na base da verdade, da justiça e de uma ativa solidariedade,” Pacem in Terris, 114.
A melhor maneira de reduzir o sofrimento humano, os muitos custos económicos da guerra e as suas repercussões é evitar conflitos, recorrendo ao diálogo e à diplomacia. Em 1945, foi constituída a Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de manter e fortificar a paz entre os povos, através das relações amistosas, fundadas nos princípios da igualdade, do respeito mútuo e da cooperação multiforme em todos os setores da vida humana.
Há anos que muitas nações não sabem como é viver em paz. Ultimamente, temos recebido muitas notícias tristes sobre a situação em Cabo Delgado. Não fiquemos indiferentes! É inaceitável que milhões vivam numa violência sem fim, causando dramas humanitários, muitos deslocados, e com relatos de decapitações, sequestros e violência sexual. O relatório do Índice Global de Paz, “Global Peace Index” (GPI) de 2020, apresenta um mundo com conflitos e crises, muitos não resolvidos há anos, criando outros problemas económicos e sociais. Os fatores que provocam o aumento da violência são inúmeros: instabilidade política, extremismo religioso, fundamentalismo ideológico, problema de armas nucleares, interesses económicos, etc. O GPI revela ainda que a maioria das áreas classificadas como menos pacíficas está situada no Médio Oriente e no continente africano, onde se encontram o Afeganistão, a Síria, o Iraque, o Sudão do Sul, o Iémen, a Somália e a Líbia.
A Líbia vive uma instabilidade política desde a queda do regime de Muammar Kadhafi, em 2011, e tornou-se um lugar onde proliferam as redes de tráfico das pessoas e situações de sequestro, tortura e violações. O novo governo tenta estabelecer a paz e usar as riquezas do petróleo para o desenvolvimento do país.
“Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5,9).