A Peregrinação Internacional Aniversária de Maio arranca esta quarta-feira, dia 12. Devido à atual pandemia, os peregrinos que caminham a pé são menos, a forma como se organizam é diferente, e as suas promessas e agradecimentos são um retrato de um mundo que enfrenta a Covid-19.
Um exemplo deste cenário são irmãos Luzia Jacinto, Ana e Emanuel Simões, oriundos de Aveiro. Iniciaram a sua jornada rumo a Fátima pelas 23h00 do último domingo, 9 de maio. Caminharam, sobretudo, à noite, e depois de cerca de 135 quilómetro chegaram à Cova da Iria na manhã desta quarta-feira.
Os irmãos tiraram dias de férias nos seus empregos para poderem empreender esta jornada. O local para dormida aconteceu nas suas próprias casas, com o apoio de dois familiares que asseguraram o transporte dos peregrinos, algo não habitual, mas que este ano aconteceu como medida de contenção da Covid-19 e devido à existência de diversos estabelecimentos encerrados.
A oração pessoal e a conversa entre irmãos fizeram parte deste trajeto. O “mais complicado foi a chuva, que condiciona o andar e tende a provocar bolhas nos pés”, referem. Ao contrário dos anos anteriores, este ano não encontraram os locais de apoio aos peregrinos a pé, e as pessoas que encontraram a caminho de Fátima foram “muito poucas”.
Entre os familiares destes irmãos, “cerca de 14” ficaram infetados com Covid-19, entre cunhados, sobrinhos, mas não só. A situação “mais preocupante” aconteceu com “os pais e sogros” destes irmãos e com um familiar de uma das pessoas que assegurou a deslocação dos fiéis. Idosos com mais de 80 anos de idade, um deles com diabetes e uma doença oncológica ficaram infetados com Covid-19. Alguns foram hospitalizados de forma breve.
Apesar da idade e de diversos problemas de saúde, todos recuperam e encontram-se atualmente sem sequelas. A superação da Covid-19 destas pessoas é o que mais está presente nos pensamentos destes irmãos na sua deslocação a Fátima. “Vim em promessa. Estou aqui em agradecimento por os meus pais terem recuperado da Covid-19”, conta Luzia Jacinto, visivelmente emocionada, com os olhos embaciados pelas lágrimas. Para a peregrina de 51 anos de idade, a recuperação dos pais à Covid-19 é o grande motivo de agradecimento nesta sua peregrinação a Fátima.
A ida destes irmãos à Cova da Iria é também motivo de grande alegria e esperança para os seus familiares que ficaram em Aveiro. “Deixamos em Fátima velas por eles. Eles acreditam, têm fé, e Fátima é muito importante para eles e para nós”, explica António Jacinto, um dos familiares que assegurou o transporte dos irmãos ao longo da sua jornada.
O pequeno grupo deverá regressar a Aveiro ainda na tarde desta quarta-feira, não acompanhando as celebrações em Fátima de forma presencial. Tomaram essa decisão devido ao “medo de não haver lugar” para eles, e também devido a “dúvidas” relacionadas com o estacionamento. À semelhança de tantos peregrinos, deverão acompanhar as celebrações de Fátima através dos meios de comunicação social e da internet. A peregrinação de maio terá início pelas 21h30, na Capelinha das Aparições, sob o tema “Louvai o Senhor, que levanta os fracos”.
Texto: Juliana Batista