O Santuário de Fátima é agora o local de chegada tão desejado por tantos peregrinos que nos últimos dias têm percorrido a pé as estradas de Portugal. Devido à pandemia, os fiéis que se colocaram a pé rumo à Cova da Iria são menos, os grupos são mais reduzidos, mas a esperança e a fé continuam a mover muitos a abandonar o quotidiano das suas vidas para rumar Fátima.
Maria José Vieira, de 52 anos, vem a chefiar um pequeno grupo de peregrinos que partiu na noite de sábado de Oliveira de Azeméis. Deste grupo fazem também parte Rui, marido de Maria José, o casal Joana e Tiago, e Fátima, todos eles amigos e a viverem nas proximidades uns dos outros. Ao longo do percurso, contaram com um carro de apoio.
Os cinco peregrinos “tiraram dias de férias” para rumar à Cova da Iria e chegaram ao Santuário de Fátima na manhã desta quarta-feira, 12 de maio, depois de terem percorrido “cerca de 162 quilómetros”. Durante o percurso depararam-se com “bastante chuva e algumas bolhas” nos pés. Escolheram caminhar à noite porque consideram que esta é uma opção mais segura por “evitar o cruzamento com camiões” ao longo da estrada.
Durante o trajeto descansaram em “residenciais” e encontraram peregrinos que também se deslocavam até Fátima. Na Cova da Iria, deixam os seus agradecimentos. “Agradecemos. Pedimos que Nossa Senhora nos dê saúde, que esta pandemia acabe e que haja paz para as famílias”, apontam os peregrinos, que já têm o hábito de peregrinar a Fátima.
Há um outro agradecimento vem no pensamento destes fiéis. No passado dia 4 de abril, domingo de Páscoa, os filhos de Fátima “tiveram um acidente numa trotinete”, que obrigou a “intervenções cirúrgicas”. Houve necessidade de uma “cirurgia maxilo-facial”, mas também “ao ombro” e a outras zonas do corpo afetadas. O diagnóstico inicial foi pouco animador.
Os peregrinos pediram então a Nossa Senhora de Fátima pelos filhos da companheira desta jornada, os quais estão agora a recuperar bem e esse é outro dos motivos de gratidão do grupo de fiéis. A peregrina Fátima deslocou-se até à Cova da Iria sobretudo, para “agradecer e pedir pela recuperação” dos seus dois filhos, mas também pedir saúde pela sua filha que se encontra “bastante doente”.
Joana Castro traz também motivações delicadas e de grande gratidão. “Pedi ajuda a Nossa Senhora para salvar a minha sobrinha que nasceu em abril do ano passado com apenas sete meses e esteve em risco de não sobreviver. Em abril deste ano, já fez um ano e é muito saudável”, refere a peregrina Joana.
O pequeno grupo de Oliveira de Azeméis pretende ficar em Fátima para acompanhar todas as celebrações da peregrinação. Regressarão a suas casas depois das cerimónias do dia 13 de maio. A presidir às celebrações vai estar José Tolentino Mendonça, cardeal, arquivista e bibliotecário do Vaticano.
Texto: Juliana Batista