O mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) prevê que a temperatura global da superfície terrestre continue a subir, sendo que até ao final de 2100 poderá verificar-se um aquecimento global acima de 1,5º C e 2º C, a não ser que nas próximas décadas se façam grandes restrições nas emissões de dióxido de carbono e de outros gases de efeito estufa.
O trabalho de investigação dá conta da influência humana para o aquecimento do planeta, com os efeitos das mudanças na temperatura a afetarem todas as regiões do mundo. De acordo com o documento, as alterações provocadas pelas emissões de gases de efeito estufa serão irreversíveis dentro de séculos ou milénios. Entre as catástrofes resultantes da ação humana no oceano estão o seu aquecimento, a frequência de ondas de calor marinhas, a acidificação e a diminuição dos níveis de oxigénio.
Preveem-se ainda chuvas mais intensas e inundações associadas, aumento da precipitação em zonas altas, mais ondas de calor, secas mais intensas, maior duração das estações quentes e menos frio, aumento do nível do mar em áreas costeiras, o degelo do solo permanentemente gelado, a perda da cobertura de neve sazonal, o derretimento de glaciares, e a perda de gelo do mar Ártico durante o verão.
António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), considera que este relatório é “um código vermelho para a humanidade”, e que as suas previsões poderão colocar biliões de pessoas em risco. O responsável afirma que o documento “deve soar como uma sentença de morte para os combustíveis fósseis, antes que destruam o planeta”.
Guterres pede uma ação imediata para cortes profundos das emissões dos poluentes, defende que a capacidade para as energias solar e eólica seja quadruplicada até 2030, e pede que os investimentos em energias renováveis tripliquem. O responsável considera que líderes de governos, de empresas e sociedades necessitam de se unir em torno de políticas, ações e investimentos para travar a subida da temperatura.
O secretário geral das Nações Unidas sublinha que as “soluções são claras”, sendo possível ter “economias verdes e inclusivas, prosperidade e ar limpo”. Segundo os serviços de comunicação das Nações Unidas, Guterres acredita que será possível evitar uma catástrofe climática, caso exista uma união de forças imediata.