Os membros do movimento fundamentalista talibã conquistaram cinco capitais de província do Afeganistão, levando milhares de pessoas a tentarem fugir do país. As mais recentes notícias revelam que o grupo fundamentalista islâmico rejeita os apelos internacionais para um cessar-fogo e continua o seu avanço no terreno. Os atos violentos tiveram início em maio, altura em que os Estados Unidos da América e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) comunicaram que abandonariam o Afeganistão. Desde o início de 2021, ataques no país já provocaram a morte a mais de 5 mil civis e terão levado cerca de 270 mil afegãos ao exílio.
“O UNICEF está chocado com a rápida escalada de violações graves contra crianças no Afeganistão”, disse Hervé Ludovic De Lys, representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). “Nas últimas 72 horas, 27 crianças foram mortas e 136 ficaram feridas nas províncias de Kandahar, de Khost e Paktia. As atrocidades aumentam dia após dia”, alertou esta semana a responsável.
“Estes não são [apenas] números. Cada uma destas mortes e cada caso de sofrimento físico é uma tragédia pessoal. Estas crianças são filhas e filhos muito queridos e desejados, irmãos e irmãs, primos e amigos. Todos eles são crianças cujo direito à proteção sob o direito humanitário internacional tem sido ignorado pelas partes em guerra. Essas atrocidades também são provas da natureza brutal e da escalada da violência no Afeganistão, que afeta crianças já vulneráveis”, referiu Hervé De Lys.
A representante do UNICEF aponta ainda para outro problema verificado no terreno. “Além desta situação terrível, o UNICEF está profundamente preocupado com relatos de que as crianças estão a ser cada vez mais recrutadas para o conflito por grupos armados. Muitos meninos e meninas ficam profundamente traumatizadas ao testemunharem atrocidades cometidas contra as suas famílias e outras [pessoas] nas suas comunidades”, demonstra a responsável.
Hervé De Lys deixa um apelo. “As crianças não deveriam pagar com a sua infância pelo agravamento do conflito. Somente uma completa cessação das hostilidades pode proteger as crianças do Afeganistão. Enquanto o conflito piora, o direito das crianças de crescerem está comprometido, o seu futuro está em perigo e a sua contribuição para as perspetivas da sua pátria diminuem. Todas as crianças, incluindo crianças com deficiências, precisam agora de proteção e paz. O UNICEF apela a todos os envolvidos em esforços de mediação para que as partes beligerantes respeitem as suas obrigações internacionais para com as crianças”, pede a responsável.