Xavier Kernizan é um cirurgião-ortopédico haitiano que atualmente trabalha com uma equipa dos Médicos Sem Fronteiras em Jérémie, para ajudar as pessoas vítimas do sismo. Segundo o profissional, há “casas totalmente desabadas, escombros nas ruas”, e lugares por onde não é possível passar.
Apesar dos “poucos funcionários e recursos”, Xavier Kernizan conta que se “fez um trabalho extraordinário” no Hospital Saint Antoine. “Muitos pacientes já tinham sido limpos e suas feridas estavam desbridadas quando chegamos”, isto é, tinha já sido removido o tecido danificado, de forma a melhorar a cicatrização do restante tecido saudável, explicam os Médicos Sem Fronteiras. Segundo Xavier Kernizan, “alguns pacientes” tinham já “fixadores externos para consertar ossos fraturados e outros já tinham sido encaminhados para Port-au-Prince, por via aérea”. “Operamos muitas pessoas”, conta o médico.
De acordo com o profissional, a equipa tem saído do hospital “entre as 23h00 e meia-noite para atender ao máximo de pessoas”, e assim “diminuir o número de pacientes à espera de tratamento e de cirurgia”. Atualmente, a maior parte dos pacientes da equipa de profissionais de saúde foram já atendidos, mas voltam aos cuidados médicos “para um desbridamento, uma nova cirurgia ou um gesso”. No entanto, segundo o haitiano, “ainda há pessoas de áreas afastadas, onde não há socorro, que estão a ir para Jérémie para atendimento de emergência”.
Segundo os Médicos Sem Fronteiras, desde o passado dia 20 de agosto, a sua equipa cirúrgica presente em Jérémie “tratou 54 pacientes por ferimentos, como fraturas ósseas, sofridos no terremoto de 14 de agosto”. Entre estes pacientes, “36 foram submetidos à cirurgia, enquanto outros receberam gesso ou talas”. A organização humanitária encontra-se ainda a “oferecer atendimento cirúrgico no hospital Tabarre, em Port-au-Prince. Até o momento, “já foram internados no local mais de 45 pessoas com ferimentos decorrentes do terremoto, além de pacientes atendidos na sala de emergência e dispensados ou encaminhados para outro lugar”.