A “maioria” dos pacientes de saúde mental dos Médicos Sem Fronteiras (MSF) na ilha grega de Samos apresenta “sintomas de depressão e transtorno de stresse pós-traumático”, afirma a própria organização humanitária, em comunicado. Entre abril e agosto deste ano, “64 por cento dos novos pacientes” que chegaram à clínica de saúde mental dos MSF “apresentaram pensamentos suicidas e 14 por cento estavam em risco real de suicídio”, refere o organismo.
A abertura de um novo centro para requerentes de asilo em Zervou, uma ilha de Samos localizada num “local totalmente remoto”, e que se assemelha a uma prisão devido às suas “cercas de arame farpado de nível militar e sistemas avançados de vigilância”, está a provocar uma grande angústia e desespero entre os refugiados que vivem naquela região.
Uma das pacientes psiquiátricas numa clínica dos MSF desde o passado mês de fevereiro “é uma sobrevivente de mutilação genital feminina, casamento infantil forçado aos 14 anos, violência sexual e física extrema por muitos anos cometida por um marido 30 anos mais velho”.
Esta paciente “é uma vítima reconhecida de tráfico de pessoas e está em Samos há dois anos”, refere a organização humanitária, adiantando que o pedido de estatuto de refugiada “já foi rejeitado duas vezes e, por isso, ela não tem acesso aos serviços básicos oferecidos dentro do acampamento, como a alimentação”. Segundo os MSF, esta paciente “já está há espera há quatro meses por uma nova decisão sobre seu pedido de asilo subsequente”, e teme poder vir a “morrer de fome”.