Porquê tanto ódio e violência? Existem casos de guerra sem fim. Vários grupos étnicos são perseguidos, e a situação no Afeganistão e em muitos outros países, deixa tantos em desespero. Qualquer forma de violência produz sempre mais cadeias de violência.
Martin Luther King Jr, detentor do Prémio Nobel da Paz em reconhecimento pelo combate ao racismo nos Estados Unidos da América através da resistência não-violenta, afirmava que esta “é uma arma poderosa e justa”. “Realmente, é uma arma única na história, que corta sem ferir e enobrece quem a usa”, dizia em alusão à não-violência.
A injustiça no mundo tem provocado muita violência e sofrimento. Só a não-violência e defesa dos mais fracos pode detê-la. Existem contextos históricos e culturais onde os cristãos não encontram abrigo, e o mesmo também acontece com outras religiões. Como é que podemos virar as costas à violência e a todas as injustiças? Como é que podemos fingir que não está a acontecer nada?
No decorrer de uma visita ao Egito o Papa Francisco afirmou que “há necessidade de construtores de paz, não de provocadores de conflitos; de bombeiros, não de incendiários; de pregadores de reconciliação, e não de bandidos da destruição”. “Juntos afirmamos a incompatibilidade entre violência e fé, entre crer e odiar. Juntos declaramos a sacralidade de cada vida humana contra qualquer forma de violência física, social, educativa ou psicológica”, disse o Santo Padre.
Não é possível ter a paz sem diálogo e acolhimento, sem uma justiça que garanta equidade e promoção para todos. Devemos pôr fim à violência, às mortes e guerras, empenhar-nos para que haja a paz e a justiça. O caminho do Evangelho é lutar contra a injustiça e o preconceito, e optar preferencialmente pelos marginalizados. Como disse São Francisco de Assis, “onde houver ódio, que eu leve o amor, onde houver ofensa, que eu leve o perdão, onde houver discórdia, que eu leve a união”.
Nenhuma religião deve promover a violência. A religião e violência são conceitos antagónicos. Nos Evangelhos encontramos muitos casos concretos de não-violência – “A quem te bater numa das faces, oferece-lhe também a outra; e a quem te levar a capa, não impeças de levar também a túnica. Dá a todo aquele que te pede e, a quem se apoderar do que é teu, não lho reclames. O que quiserdes que os outros vos façam, fazei-lho vós também” (Lc 6, 29-31).