Franco Gioda, sacerdote missionário da Consolata natural de Itália que viveu quase toda a sua vida em Moçambique, morreu este fim de semana. Numa mensagem de homenagem ao religioso, Diamantino Antunes, missionário da Consolata e bispo na diocese de Tete, faz um retrato do percurso de vida deste sacerdote.
“O padre Franco foi um vivo retrato de amizade e sensibilidade pastoral em relação a todos. Missionário de corpo e alma serviu com dedicação e amor muitas comunidades cristãs de Moçambique desde 1970. Trabalhou no Niassa, nas missões de Maiaca, Nipepe, Maúa, Marrupa, Cuamba e Mecanhelas. Nos anos da guerra civil percorreu muitos quilómetros de bicicleta para visitar as comunidades cristãs no meio de muitos perigos. Foi testemunha da violência da guerra. Sofreu com os últimos. Não tinha medo. A proteção divina esteve sempre próxima dele”, recorda o bispo de Tete.
O missionário nasceu em Turim, Itália, há 83 anos, e foi ordenado sacerdote há 58 anos. “Foi Superior Provincial dos Missionários da Consolata em Moçambique entre 1990 e 1996. Animou os missionários a voltar e reconstruir as missões destruídas e foi muito ativo no sector da educação através da construção de escolas, lares e centros de formação para catequistas”, destaca Diamantino Antunes.
Aos 74 anos de idade “aceitou o desafio de ir trabalhar para a diocese de Tete, acompanhando o bispo Inácio Saúre”. “Em 2013, partindo de Tete começou a visitar as missões abandonadas da Marávia e do Zumbo. Em 2014, iniciou com os padres Jacinto e Eduardo, a nova paróquia de Fingoè. Dedicou-se, sobretudo, ao acompanhamento das comunidades cristãs das missões de Uncanha e Zumbo. Fundou novas comunidades cristãs, reabilitou a missão de Uncanha e fundou, em 2018, o Centro Catequético São Barnabé e São Paulo de Uncanha para a formação de famílias de catequistas da diocese de Tete”, refere Diamantino Antunes.
Há apenas dois anos, Franco Gioda “aceitou o desafio da transferência para a cidade de Tete para reabrir a paróquia de São Paulo de Tete, tornando-a uma paróquia viva e missionária”. “Tomou a peito a evangelização no norte do distrito de Changara, com a fundação da paróquia de Matambo. Foi incansável na visita às comunidades, fundou novas. Dedicou-se de alma e coração à formação dos catequistas. Deu-se até ao fim, sem se poupar. Em janeiro deste ano, sentindo-se muito fraco, regressou a Itália para curas. Ansiava regressar a Moçambique, a Tete, mas as forças iam diminuindo com o tempo”, explica o bispo de Tete.
“Por onde passou continua a ser uma referência positiva. Que todos saibamos aceitar o seu desaparecimento físico e deixar-nos inspirar pela sua vida, a sua obra e essencialmente pelo seu vivo testemunho de fé, simpatia e bondade. Em tudo amou e serviu, sendo um vivo testemunho de fé e de missão. Viveu totalmente para Deus e para os outros”, destaca Diamantino Antunes. “Obrigado padre Franco pela tua vida e missão”, escreve o bispo de Tete.