As mulheres etíopes estão “desesperadamente focadas na sobrevivência diária e repetem a todo o momento o que mais precisam: comida e medicamentos”, alertou Martin Griffiths, subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, após uma visita de quatro dias à Etiópia, país que tem sido alvo de conflitos, nomeadamente em Tigray, no norte. O responsável afirma que o mundo precisa de ajudar as mulheres etíopes a “imaginar um futuro melhor para elas e para as suas crianças”.
Segundo os serviços de comunicação das Nações Unidas, no decorrer da sua visita ao país, Martin Griffiths encontrou-se com sobreviventes de abuso sexual, e teve encontros “construtivos” com o primeiro-ministro Abiy Ahmed e outros integrantes do governo. Além da violência e do alto índice de deslocação de pessoas, os etíopes sofrem com a seca, cheias, surtos de várias doenças e com infestações de gafanhotos, que atacam a produção agrícola. Perante este cenário, as necessidades humanitárias aumentam, existindo 20 milhões de pessoas a depender de assistência. No final da visita, Martin Griffiths implorou aos lados em conflito para acabarem com as hostilidades.
O conflito na Etiópia esteve esta semana no centro de um debate do Conselho de Segurança. Rosemary DiCarlo, subsecretária-geral das Nações Unidas para Assuntos Políticos, disse que o “conflito que já dura um ano em Tigray alcançou proporções desastrosas”. A responsável considera que o futuro da Etiópia é de grandes incertezas, ameaçando a estabilidade de toda a região do Chifre de África. Para Rosemary DiCarlo “o risco da Etiópia acabar a enfrentar uma guerra civil é muito real”. De acordo com a representante das Nações Unidas, tal poderia provocar uma “catástrofe humanitária que consumirá o futuro de um país tão importante”.