Em sociedades mais antigas, as mulheres eram marginalizadas e tratadas como inferiores. No entanto, atualmente, algumas culturas ainda dão ao homem a responsabilidade de manter a mulher dependente e sob o seu domínio, confinada ao espaço familiar, muitas vezes sobrecarregada e maltratada.
A história atual ainda regista a discriminação da mulher em âmbitos sociais, políticos e económicos. Um desses exemplos é o de Ava Vahneshan, uma jovem de 22 anos que se mudou para Portugal há três anos porque no Irão, país onde nasceu, as mulheres estão impedidas de cantar em público. A sua história tornou-se conhecida em outubro, no contexto do programa ‘The Voice Portugal’.
Um dos grandes problemas vividos pelas mulheres atualmente é a violência. A Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres, emitida pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1993, define a violência contra as mulheres como “qualquer ato de violência baseado no género do qual resulte, ou possa resultar, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico para as mulheres, incluindo as ameaças de tais atos, a coação ou a privação arbitrária de liberdade, que ocorra, quer na vida pública, quer na vida privada”.
O mais recente estudo apresentado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a violência contra as mulheres revelou que uma em cada três mulheres já foi vítima de violência física ou sexual por parte dos seus parceiros, números praticamente inalterados na última década, e, provavelmente, inferiores à situação atual, devido à pandemia. As mulheres defrontam dificuldades acrescidas ao serem vítimas frequentes de violência e discriminação.
Numa mensagem dedicada ao Dia Internacional da Mulher, celebrado a 8 de março, António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, alertava para o facto do confinamento causado pela pandemia da covid-19 ter provocado mais impactos negativos nas mulheres, “ter apagado décadas de avanços para a igualdade de género”, e ter levado a um aumento da exposição das mulheres a situações de risco. Segundo António Guterres, perante um aumento significativo de casos de violência doméstica, tráfico, exploração sexual e casamento infantil, os países e instituições devem promover a liderança feminina e participação igualitária das mulheres. Na carta apostólica ‘Mulieris Dignitatem’, sobre a dignidade e a vocação da mulher, João Paulo II afirmou: “A dignidade da mulher está intimamente ligada ‘com o amor que ela recebe pelo próprio fato da sua feminilidade e também com o amor que ela, por sua vez, doa’”.
Texto: Bernard Obiero